domingo, 8 de junho de 2008

Herança


Mais novo CD do artista sergipano Kleber Melo, o álbum é uma homenagem a cultura africana trazida ao Brasil dentro dos navios negreiros, cultura essa muita valorizada pelo artista que tem muitos trabalhos sonoros com o tema. o disco foi gravado entre os anos de 2004 e 2008 com a colaboração de vários amigos que fazem participações instrumentais em várias músicas. A fita foi gravada no estúdio de Neu Fontes em Aracaju-SE cidade onde vive o artista que ganhou duas vezes o prêmio SESC Canção e teve várias participações maravilhosas no evento.


Agradecimentos

A Deus, fonte da minha inspiração. Em especial aos que nunca duvidaram do meu trabalho. Aos músicos, amigos, imprensa. Mingo Santana, Neu Fontes, Companhia de Artes Mafuá: Valdinete, Patrícia e Anderson, Fernandinho Montalvão, Alisson Alemão, Nadja Amorim, Yêda Melo, Klevertom Melo, Dayse Rocha, Paulo César, Wendell Miranda, Sergival e Cleanto Amorim.



Ficha técnica:

Gravado entre os anos de 2004 a 2006 na Capitânia do Som Aracaju-SE.

Técnico de gravação- Neu Fontes

Mixagem e pré-master- Alex

Fotos e arte- Cleanto Amorim

Concepção dos arranjos- Kleber Melo e músicos

Produção executiva- Kleber Melo


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1. Herança
(Kleber Melo)

2. Estrela Sergipana
(Kleber Melo)

3- Pedintes
(Kleber Melo)

4. Banho de Gato
(Kleber Melo/Jorge Ducci)

5. Lugarejo
(Kleber Melo) aos marujos Emanuel, Vicente e Verdes-mares

6. Lentes de Contato
(Kleber Melo/ Bruno Montalvão) À Vítor Corbal

7. Ao Deus Dará
(Kleber Melo/ Mingo Santana)

8. Oxum das Fontes
(Kleber Melo) À Mãe Erundina e na sucessão Mãe Marizete.

9. Piabeta
(Kleber Melo)

10. Santa Idade
(Kleber Melo/Marta Mari)

11. Só e Vadio
(Kleber Melo/ Jorge Ducci)

12. A Dança das Mãos
(Kleber Melo)

Música - Herança

1. Herança

(Kleber Melo)

É a pele da mão no couro
de um boi no curral do avô
a corda que laça o touro
que amarra e afina o tambor.
O batuque é toque de ouro
e faz balançar o yaô,
e manda pra longe mau agouro
anuncia o ilá de xangô...
Herança,
do negro que fez a cabana
o mel cabaú da cana
a fome e a sede africana
sergipana porque Deus mandou...
Vai marcando no ponto o pé-de-dança
o canto da mais bela yabá
e que quando começa não se cansa
Mãe Bilina chamando sinhá.
Do sizal o trabalho na trança
preto velho do canaviá
vem de longe a sua andança
os negreiros trouxeram do mar... Refrão
A cantiga que alegra a roça
é do tempo de João Mulungú
não é casa de pedra, é choça
D. Biu catando sururu.
Correia de zabumba é grossa
segura no baque o tum-tum
a pindoba a amarra a palhoça
o caranguejo, o aratu e o ganhamú. Refrão
São quatro nações de muito valor
Angola e Ketu, Ijexá e nagô.
Da África moura, do rei que restou
Angola e Ketu, Ijexá e nagô,
Do axé caruru, ao banho de abo.

Voz e violão- Kleber Melo

Teclado- Carlinhos Meneses

Guitarra e viola caipira- Vigu

Baixo- Jorginho

Bateria- Bauru

Percussão- Tom Toy e Ronny Medeiros

Música - Estrela Sergipana

2. Estrela Sergipana

(Kleber Melo)

Quem canta um conto, aumenta um ponto
Arranca o tampo, corre-corre corriqueiro
Reisado de Marimbondo.
Festa na feira, na praça de Laranjeiras,
caboclinho com lambe-sujo por detrás da bananeira.
Foi da janela, nunca vi coisa tão bela
o sorriso da banguela, no meio da multidão.
Segura a mão, segure o pau, segure a onça,
cuidado que a moça sonsa, não quer dá o coração.
No arrabalde dessa cidade, no gomo do bambu-balde
onde morava o saci.
É a peleja da dança dos vivandeiros,
trabalhando o ano inteiro
pra poder chegar aqui...
Homem de saia, Capela na Sarandaia,
no mato carrega o mato e de noite tem forró.
Guerra de espada, pisa-pólvora, batuque,
Moleque mostrando o muque,
cada um quer ser melhor.
Caminho da roça, touceira cana-brava,
Vi o sovaco da cobra, no buraco do tatu.
O arremate do travo da canjarana
minha estrela é sergipana
Brejão tem Maracatu.

Voz e violão- Kleber Melo

Guitarra- Rodrigo

Baixo- Junior

Sanfona- Mestrinho

Violino- Eduardo Montessanto

Percussões- Tom Toy e Kleber Melo

Música - Pedintes

3- Pedintes

(Kleber Melo)

Seu moço me dê uma esmola
não tenha pena de dar
me dê uma esmolinha
pra Deus te abençoar...
Seu moço não tenho casa
a rua é meu lugar
o teto é céu de estrelas
não tenho como estudar,
se ninguém me orienta
nada pode melhorara,
seu moço me dê uma esmola
não tenha pena de dar...
Às vezes tenho comida,
às vezes dá pra roubar,
às vezes finjo criança
dá vontade de brincar
mais a vida sacoleja
é hora de se virar
seu moço me dê uma esmola
não tenha pena de dar...
Não pense que gosto disso
preferia trabalhar
mais a ninguém interessa
de alguma forma ajudar
pois que tem sempre acumula
não sabe o que o é partilhar.
Seu moço me dê uma esmola
não tenha pena de dar...

Voz e violão- Kleber Melo

Guitarra- Rodrigo

Baixo- Junior

Sanfona- Mestrinho

Percussões- Tom Toy

Música - Banho de Gato

4. Banho de Gato

(Kleber Melo/Jorge Ducci)

Eu vou que vou, embolar lá em Própria... 4x
S’ embora embora
se embolar no bola gato
que é hora de ir pra o mato
pra poder caçar guará,
comer pamonha
se cortar na tiririca
Madalena arrependida
picada de maruim.
Língua de trapo,
de sogra, língua de esquina,
difamando a menina,
virando coisa ruim.
Será que rola
umazinha que consola,
você diz que me dá bola
uma bola você não dá.
Caiu de sola
tomou um chá de calçola
foi embora na marola
com medo de embolar.
Eu vou que vou
Embolar lá em Própria...

Voz e violão- Kleber Melo

Violino- Eduardo Montessanto

Percussões- Tom Toy

Música - ´Vilarejo

5. Lugarejo

(Kleber Melo) aos marujos Emanuel, Vicente e Verdes-mares

Uma pequena fonte é um poço
um pequeno rio, um riacho,
tão grandes no mesmo espaço
uma enseada é o lugar.
Oi leva eu canoeiro
Pra além da linha do mar...
Jangada sai madrugada
jandaia canta ao luar,
oi leva eu canoeiro,
pra além da linha do mar...
As ondas batem na encosta
não contam o tempo passar,
oi leva eu canoeiro
pra além da linha do mar...
Os braços de um tartarugueiro
querendo uma vida salvar,
oi leva eu canoeiro,
pra além da linha do mar...
O meu coração marinheiro
levando o leme ao mar,
oi leva eu canoeiro,
pra além da linha do mar...
E segue eu navegueiro
a paz do cais é chegar,
oi leva eu canoeiro,
pra além da linha do mar...

Voz, violão e viola caipira- Kleber Melo

Flauta transversal- Denise de Aragão

Cello- Genivaldo Lima

Percussões- Tom Toy e Kleber Melo

Música - Lentes de Contato

6. Lentes de Contato

(Kleber Melo/ Bruno Montalvão) A Vítor Corbal

Pedras no meu caminho
no meio a dor,
minha carne crua mostra a alma,
sinto muito, sinto nada
muito, muito, eu minto
eu sinto,
não sinto nada...
Eu grito, explico,
ninguém me ouve,
não ouço nada.
Lentes de contato
Nos separam,
e eu sinto muito...
Quero tocar alguém,
quero beijar uma alma,
quero acordar sorrindo,
quero o que me falta.

Voz, violão e viola caipira- Kleber Melo

Violões aço e nylon- Du Silva

Violino- Eduardo Montessanto

Cello- Genivaldo Lima

Percussões- Tom Toy

Música - Ao Deus Dará

7. Ao Deus Dará

(Kleber Melo/ Mingo Santana)

Quero cantar pra vencer
a minha arte é razão,
o meu trabalho é viver
e entender o então.
Sei que depois das pedras
lugar que as rosas estão
tudo tem o seu tempo
sempre hei de inventar.
Com isso vem a fé,
quando ele pode, ele faz,
seus sinais não são retas
só há uma reta.
Durante o caminho vou saber
conte-me tudo me Deus
meus segredos são teus
por onde caminhar?
Conte-me tudo,
não me ocultes nada
faz mais leve a distância
da lonjura da estrada.
Ensina-me como chegar
a fonte de todo prazer
todo amor é você
e viver é sonhar.

Voz e violão- Kleber Melo

Violão solo- Du Silva

Cello- Genivaldo Lima

Trompete- Anderson

Percussões- Tom Toy e Kleber Melo

Música - Oxum das Fontes

8. Oxum das Fontes

(Kleber Melo) À Mãe Erundina e na sucessão Mãe Marizete.

Ora iê, iê, ora iê, iê, ô
Ora iê, iê, ora iê, iê, ô
Ela é a dona das fontes
ela é a dona do ouro
ela é a mãe de nós todos
ela é dos mananciais...
Oxum Kissimby
veio das fontes
é a moça dourada
encantada e doce
do seu espelho
sua imagem brilha
que maravilha
sua voz me trouxe.

Voz e violão- Kleber Melo

Teclado- Valdo França

Guitarras- Rodrigo e Du Silva

Baixo- Jorginho

Percussões- Tom Toy e Kleber Melo

Música - Piabeta

9. Piabeta

(Kleber Melo)

Depois da ponte a seta
a estrada de terra
o passo projeta,
as horas que passam
são nuvens no céu.
Ao longe a chuva
onde o rio faz a curva
a porta é sempre aberta
um corredor de ventos
rota de orixás.
O coração liberta
quando se acredita
a mente aquieta
mergulhar nessa fonte
ancorar nesse cais...
Na Piabeta
Tem uma maré massa
tem urubu no morro
tem urubu no morro
a olhar esse barco
que vai nos levar.

Voz e violão- Kleber Melo

Teclado- Valdo França

Guitarra- Du Silva

Baixo- Jorginho

Bateria- Rominho

Percussão- Kleber Melo

Música - Santa Idade

10. Santa Idade

(Kleber Melo/Marta Mari)

Santo Antônio me dá um casamento
Santa Luzia abre meus olhos,
São Pedro enxágua minhas chagas
São João, meu fogo apaga.
Meu São Expedito,
das causas urgentes,
minha santa idade,
tão rápida, tão bárbara.
Meu São Benedito,
tamanco letrado,
Nossa senhora da Conceição da Praia
No Posto 23.

Voz e violão- Kleber Melo

Teclado- Valdo França

Guitarra- Du Silva

Baixo- Jorginho

Bateria- Rominho

Percussões- Tom Toy

Música - Só e Vadio

11. Só e Vadio

(Kleber Melo/ Jorge Ducci)

Todas as portas abertas
o pecado mora ao lado da gente,
mesmo sem todo cuidado, se sente.
Como nódoa que não larga
como qualquer fruta amarga,
feito farpa, foste espinho,
no aconchego do ninho.
Estou na terra, estou em marte
o tiro do seu bacamarte
acertou-me no peito
não houve outro jeito
estou só e vadio.

Voz e violão- Kleber Melo

Guitarra- Du Silva

Teclado- Valdo França

Baixo- Jorginho

Bateria- Rominho

Percussões- Tom Toy e Kleber Melo

Música - A Dança das Mãos

12. A Dança das Mãos

(Kleber Melo)

As mãos que carregam calos das foices nos sertões...
As mãos negras em engenhos, mãos que ditam o não...
“A mão que balança o berço”,
a mão que amassa o barro é a mesma que amassa o pão.
Paga, pede, despede, pula cerca, impede.
Quando pode se sacode,
o amor em palmos não mede...
Alisa, amansa, acode, apanha e às vezes cede
à palmatória do mundo...
Se são mudas, são mudas e fazem falar o tambor.
Benzeram e abusaram, fomentaram a dor...
Construíram muralhas, civilizações ancestrais,
cartearam baralhos, fizeram rituais...
São de cinco elementos, canhotas ou destras,
todas no mesmo momento, quando uma lava a outra
as duas fazem a festa...
O mapa dos ciganos- a linha da mão.
A tristeza do adeus- o aceno na mão.
Quem assina a sentença- a caneta na mão.
Quem promove a paz- o aperto de mão.
A dança das mãos...
A dança das mãos...

Voz e violão- Kleber Melo

Bateria- Rominho

Guitarra- Marcos Vinicius

Baixo- Robson MacShear

Percussão- Pedrinho Mendonça

Teclado- Valdo França